Comunicações Flapper
Ao pensar na aviação executiva em uma escala global, as chances são de que o primeiro país que venha à mente seja os Estados Unidos. Um líder absoluto em termos do tamanho da frota de aviões executivos, os EUA também estão na vanguarda da inovação, com compras de horas, programas de associação e fretamentos sob demanda disponíveis em várias regiões.
Mas você já pensou em como a aviação executiva é importante para os mercados emergentes? Considerados como os motores da globalização, grandes economias de países como Brasil, Rússia, Índia ou China (também chamados coletivamente de BRICs) possuem números impressionantes em relação à utilização de aviões executivos e – você ficaria surpreso – alguns dos modelos de negócios mais avançados no setor atualmente.
Hoje vou dar uma olhada mais de perto no mercado mais influente da América do Sul, o Brasil. Alinhado para abrigar um número crescente de unicórnios – e com crescimento alto de um dígito dentro do segmento de aviação executiva – o país merece atenção especial dos profissionais da indústria, especialmente dos que se preparam para a próxima fase de expansão.
O Brasil é o segundo maior mercado de aviação executiva do mundo
O Brasil possui a segunda maior frota de aeronaves executivas do mundo. Com quase 2.000 turbo-hélices executivos e jatos, o setor conecta quase 1.225 municípios em todo o país, fazendo frente a apenas 105 aeroportos conectados por meio da aviação comercial. Isso se traduz em uma oportunidade de 4 bilhões de reais / ano (ca 1,33 bilhão / ano), dividida entre fretamentos executivos, serviços médicos e operações especializadas.
Talvez você esteja interessado em saber que o México, atualmente o terceiro maior jogador, possui cerca de 1.000 aeronaves e a Alemanha – cerca de 750 unidades.
São Paulo ocupa o 1º lugar em tráfego de helicóptero
Você sabia que São Paulo possui a maior frota de helicópteros do mundo? Atualmente, existem entre 450 – 500 helicópteros que servem mais de 40 helipontos espalhados na área metropolitana de aproximadamente 20 milhões de habitantes. Em comparação, Nova York, que é amplamente considerada a segunda cidade mais popular para fretamentos de helicópteros, conta com apenas 120 unidades. Esses são alguns números sérios para se levar em consideração!
A cidade desenvolveu uma infraestrutura apropriada para atender essa frota, incluindo uma torre dedicada ao controle de tráfego de helicópteros – a única no mundo. A acessibilidade do serviço cresceu consideravelmente nos últimos anos, graças à tecnologia e ao aumento da conscientização entre os primeiros usuários.
Rei dos turbo-hélices
Aproveitando as lacunas na infraestrutura aeroportuária e a geografia desafiadora do Brasil estão os operadores de turbo-hélices. Considerada a opção preferida para pouso em pistas curtas, os turbo-hélices se encaixam perfeitamente no mercado local. Adaptados às necessidades dos clientes, aviões como o King Air B200 ou Pilatus constituem uma opção perfeita para quem busca eficiência de custos e alta versatilidade.
Não deve ser uma surpresa que os turbo-hélices representam 61% da frota de aviões executivos no Brasil … o maior número entre os 15 principais mercados do mundo.

Mais de 88% de todos os voos de negócios ocorrem na região Sudeste
Uma alta concentração geográfica de demanda transforma o Brasil em um ecossistema perfeito para voos de curta distância em aeronaves turbo-hélices. Uma das empresas que aproveita essa condição favorável é a Flapper, a linha aérea particular que criei com meus co-fundadores em 2016. Além de voos sazonais, organizamos transferências de turbo-hélice através de financiamento coletivo entre São Paulo e Rio de Janeiro (Aeroporto Executivo de Jacarepaguá), assim como São Paulo e a cidade litorânea de Angra dos Reis – ambas inexistentes no segmento de aviação comercial.
Cerca de 88% de todos os voos na aviação brasileira ocorrem a uma distância de 1.000 km (621 milhas) de São Paulo. Cidades como Brasília e Porto Alegre podem ser alcançadas em no máximo 2 horas com turbo-hélices populares como o King Air B200.
Existem 115 operadores de fretamentos no Brasil
Embora o número tenha diminuído de mais de 300 operadores ativos no início de 2000, os registros oficiais da ANAC provam que ele continua sendo um dos mais altos do mundo. Atualmente, mais de 80 operadores ativamente fretam suas aeronaves. Destaco também a presença dos “operadores obscuros”, criados exclusivamente para os benefícios dos incentivos fiscais. Eles não perturbam necessariamente os jogadores existentes, muitas dessas empresas pertencem a proprietários privados que querem impor uma camada extra de segurança em suas operações de voo existentes. O mercado é muito empolgante, com três grandes empresas e um número de pequenas empresas de capital fechado que possuem frotas de alta qualidade e seguem todos os padrões necessários.
Foco regional
Até 99% de todos os voos no setor de aviação no Brasil são domésticos, de acordo com os dados de 2018 do IBA. Continental no seu tamanho, o Brasil favorece uma abordagem regional para o mercado. Consequentemente, conectar São Paulo a Miami através de um voo agendado em um Gulfstream pode não ser uma vaca leiteira, mas você sempre pode avaliar as operações domésticas no país.
No geral, o mercado de aviação no Brasil é composto de 70% de viagens a negócios e 30% a lazer, um pouco semelhante aos outros mercados ao redor do mundo. Algumas das rotas fretadas mais populares são Belo Horizonte para São Paulo e São Paulo para o Rio de Janeiro, ambas a menos de 350 milhas de distância. Este último costumava ser a rota mais frequentemente usada no mundo, com mais de 120 voos diários programados na aviação comercial.
Digitalização generalizada
Conforme o gráfico abaixo, nos últimos anos, as vendas online de viagens no Brasil cresceram no ritmo de 8 a 10% ao ano e estão projetadas para atingir US$ 9 bilhões até 2019. O mercado de viagens corporativas, por outro lado, está projetado para alcançar a 6ª posição global até 2025.
Ainda insaturado do ponto de vista da demanda, o setor de reservas digital brasileiro é indiscutivelmente um dos mais prósperos do mundo, especialmente entre as economias dos BRICs. A partir de hoje, apenas duas das principais OTAs do país oferecem voos na aviação executiva, nomeadamente Argo (propriedade da Amadeus) e Rextur Advance (propriedade do Grupo CVC).
A infra-estrutura e a adoção pelos clientes determinarão o potencial de crescimento futuro
Com o mal-estar político no espelho retrovisor, o setor de aviação executiva está pronto para crescer. Os investimentos feitos pelos governos locais serão da maior importância. Mais de 100 aeroportos no Brasil têm um potencial significativo para desenvolvimento futuro. Ao longo dos últimos 50 anos, o Brasil passou de quase 300 aeroportos principais para ter um pouco mais de 110 hoje. Os números estão novamente em alta, graças à utilização de aeronaves menores e apoio do governo.
O segmento brasileiro de táxi aéreo ainda é carente e desafiado por voos clandestinos. O acesso aprimorado e a inclusão de voos compartilhados podem dobrar o tamanho do setor.
Outro desafio importante é a adoção pelo cliente. Tradicionalmente reservada para os ricos, a aviação privada está gradualmente entrando nas alternativas do passageiro habitual. Levando em conta os dados do Serasa e do Facebook, existem pelo menos 300.000 clientes em potencial para serviços de fretamento no Brasil e mais de 2 milhões de futuros usuários que pagam por assento. Será que o gigante latino-americano vai ampliar a sua força na aviação executiva? Compartilhe seus pensamentos abaixo.